quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Aventuras de um Bardo - 17ª Parte

   Pelékun ficou olhando, triste e, ao mesmo tempo, admirado. Nenhum dos dois se moveu por muito tempo,  muito mesmo. Estavam totalmente equilibrados, como se fossem apenas um, Pelékun ainda decapitou o pirata morto, e nem isso desfez o equilíbrio dos dois. Ficaram lá, e Pelékun voltou para a vila, e soube que aqueles eram os dois últimos piratas. Treze piratas caíram na tentativa de invasão, e sete defensores da cidade haviam sido mortos, além do seu amigo.
   Por mais duas vezes os piratas tentaram invadir a cidade, sem sucesso. Nessas duas vezes morreram quatro outros defensores e vinte e três piratas. Pelékun, em seu luto, não perdoou nenhum pirata que passou perto dele. Dos vinte e três, dez foram mortos pelo machado que Pelékun usava. Ao fim, os piratas desistiram e recuaram. Pelékun pôde então voltar ao monte, onde estava o corpo de seu amigo.
   Lá estava ele, de pé, com uma espada em seu corpo, enquanto o pirata estava lá também, com um machado na perna e outro na lateral da barriga, sem nenhum braço, sendo um braço arrancado segurando a espada firmemente, e sem cabeça. Não havia mais sangue, mas somente a coloração do que era sangue escorrendo. Pelékun tentou separar os dois, mas não pôde retirar os machados do corpo do pirata. Cavou uma cova e enterrou os dois juntos, a partir desse momento, o machado se tornou sua arma, no lugar da espada destruída. Era sua memória, sua lembrança de seu amigo, o qual ele nunca esqueceu. Depois de alguns meses, deixou sua cidade e se tornou um aventureiro.
   Pelékun contou essa história enquanto preparava a comida junto com Allan, que viu, nas costas dele, um grande machado de dupla face, que parecia muito pesado. Pelékun pegou o machado com a mão direita, ergueu-o no ar e deu a Allan, para segurar. Allan não pôde levantá-lo um centímetro do chão, sequer.
   Depois de comerem, continuaram sua viajem, estavam numa estrada, e já era quase noite.

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