Pelékun ficou olhando, triste e, ao mesmo tempo, admirado. Nenhum dos dois se moveu por muito tempo, muito mesmo. Estavam totalmente equilibrados, como se fossem apenas um, Pelékun ainda decapitou o pirata morto, e nem isso desfez o equilíbrio dos dois. Ficaram lá, e Pelékun voltou para a vila, e soube que aqueles eram os dois últimos piratas. Treze piratas caíram na tentativa de invasão, e sete defensores da cidade haviam sido mortos, além do seu amigo.
Por mais duas vezes os piratas tentaram invadir a cidade, sem sucesso. Nessas duas vezes morreram quatro outros defensores e vinte e três piratas. Pelékun, em seu luto, não perdoou nenhum pirata que passou perto dele. Dos vinte e três, dez foram mortos pelo machado que Pelékun usava. Ao fim, os piratas desistiram e recuaram. Pelékun pôde então voltar ao monte, onde estava o corpo de seu amigo.
Lá estava ele, de pé, com uma espada em seu corpo, enquanto o pirata estava lá também, com um machado na perna e outro na lateral da barriga, sem nenhum braço, sendo um braço arrancado segurando a espada firmemente, e sem cabeça. Não havia mais sangue, mas somente a coloração do que era sangue escorrendo. Pelékun tentou separar os dois, mas não pôde retirar os machados do corpo do pirata. Cavou uma cova e enterrou os dois juntos, a partir desse momento, o machado se tornou sua arma, no lugar da espada destruída. Era sua memória, sua lembrança de seu amigo, o qual ele nunca esqueceu. Depois de alguns meses, deixou sua cidade e se tornou um aventureiro.
Pelékun contou essa história enquanto preparava a comida junto com Allan, que viu, nas costas dele, um grande machado de dupla face, que parecia muito pesado. Pelékun pegou o machado com a mão direita, ergueu-o no ar e deu a Allan, para segurar. Allan não pôde levantá-lo um centímetro do chão, sequer.
Depois de comerem, continuaram sua viajem, estavam numa estrada, e já era quase noite.
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